Ilustração de Jorge Colombo

Numa escola básica do país, três crianças de
sete anos, no final de uma aula de música, tiraram a camisa, ficaram em tronco nu e rodearam uma colega da mesma idade, correndo à volta dela. Quando uma semana mais tarde os pais dos três "perigosos meliantes" foram convocados à escola, estavam longe de imaginar que seriam recebidos por três professores, uma directora, um vereador de educação e dois polícias fardados. Uma das mães desmaiou com a comoção, os polícias não sabiam bem o que estavam ali a fazer, alguém alvitrava que "aos sete tiram a camisa, aos doze são violadores", a mãe que desmaiara e entretanto viera a si voltou a desmaiar, foram chamados os bombeiros, a directora assegurava que "é preciso encontrar uma solução" e os pais, aparvalhados, não sabiam se haviam de rir ou de chorar nesta situação absolutamente surreal. A mãe da criança "ofendida" tentava pôr água na fervura, "também não sei porque estão a fazer um caso tâo grande de uma coisa sem importância nenhuma", a directora reiterava que "é preciso encontrar uma solução", os polícias desculpavam-se e diziam que não era preciso fazer relatório, até porque isso implicava processo, ministério público, enfim, o cabo dos trabalhos, a directora sempre na dela "é preciso encontrar uma solução"...
Ora, eu não sei que solução encontraram na escola básica do Juncal, ali ao pé de Porto de Mós. Sugiro, no entanto, que basta convocar o mais básico bom senso para perceber que ou a senhora directora, ou o senhor vereador, ou os senhores professores, alguém está a precisar de férias...