17 novembro 2008

A cantiga é uma arma...

...e ovos são munição eficaz. Pelo menos, foi depois dos incidentes que atingiram a ministra e o seu inefável secretário de estado, que Maria de Lurdes Rodrigues assinou ontem, domingo, um despacho de marcha atrás na questão das faltas justificadas dos alunos. Marcha atrás que é vista pelo secretário de estado como "clarificação" da lei. Palpita-me que um destes dias a questão da avaliação dos professores também acaba por ser "clarificada"...

9 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Nem vai haver outra hipótese. Esta já perdeu a margem negocial. E em ano de eleições...

Anónimo disse...

o que o ministério fez, foi uma mísera clarificação já que a falta de senso comum, de profissionalismo e de esperteza dos professores é MUITO BAIXA!

António P. disse...

Caro Al-kantara,
parec-me que C. tem razão.
Já leste o estatuto ? Nunca lá esteve escrito a possibilidade de chumbo. O que lá está ( e penso que continua uma vez que é uma lei da AR) é que quem falte justificadamente durante um período longo deverá ser aferido ( pelo prof. ) em que é que isso o seu nivel de aprendizagem.
Parece-me básico...mas os professores fogem de tudo o que seja trabalho.
Um abraço

Al Kantara disse...

Caro António, por acaso li e as minhas conclusões são diferentes. Assim, independentemente da natureza das faltas, o diploma abre porta para que seja determinada a exclusão do aluno em caso de não aprovação na prova de recuperação determinada pelo excesso de faltas. (alínea b do nº3do artº 22). Assim, aquilo que o ministério chama de clarificação não passa de um flic-flac à rectaguarda, corrigindo uma situação criada por um diploma que, de facto, dava esse poder descricionário ao conselho de turma. (Tudo isto salvo melhor opinião porque eu também não tenho um senso comum, profissionalismo ou esperteza acima da média dos professores...)

Um abraço

Al Kantara disse...

Onde se lê "exclusão" deve ler-se "retenção", vulgo "chumbo".

astracan disse...

Eu sou suspeito porque a minha mulher é professora. Apesar disso consigo avaliar a carga de trabalho que ela tem na sua profissão, exactamente pela mesma razão que me leva a ser suspeito.
É por isso que, afirmações generalistas tais como "a falta de senso comum, de profissionalismo e de esperteza dos professores é MUITO BAIXA" e "os professores fogem de tudo o que seja trabalho", só podem vir de "outsiders"(1), que não fazem a menor ideia do que é trabalhar diariamente com dezenas de crianças, os nossos filhos e filhas, ao longo de semanas, meses, anos.

(1) Senti-me tentado a adjectivar estes "outsiders" de mentecaptos mas, como sou avesso a generalizações, contive-me.

António P. disse...

Caro Astracan,
Sabe que muitas vezes os "outsiders" ( que não os mentecaptos ) são capazes de detectar melhor o que funciona mal do que os "insiders",
Estes de viverem muito tempo no mesmo local nem reparam que há pó nas prateleiras. Já lá estava quando entraram e como tal pensam que faz parte do cenário.
Quanto à carga de trabalho, uma pergunta :
- Quantas horas diárias pensa que trabalha um quadro superior/ médio da maioria das empresas ?
Digo-lhe : 8 a 10 horas,
Ou os elementos de profissões liberais ?
So what ?
A questão é que para os professores foi criada uma expectativa ( de anos ) em que à medida que tinham mais anos de carreira menos horas leccionavam. Eu conheço professores com 50 anos de idade que estavam a leccionar 8 a 12 horas semanais. E sr for horário nocturno nem isso.
O que lamento é que os professores que não são assim ( e há muitos ) se deixem representar por mediocres sindicalistas que apenas visam a luta política para as eleições legislativas.
E agora que a classe operária já não protesta toca de avançar com o professorado.
Cumprimentos

P.S. : quando se pensa no insulto como argumento é porque a razão já não a tem. Esteve quase caro Astracan

astracan disse...

Caro António P.:
A sua resposta à minha navalhada já faz sentido. Porque aí o meu amigo já faz a distinção entre "alguns" professores e... os outros. Ora, tendo uma mulher professora, é natural que quando alguém diz, "os professores, isto e aquilo", é natural que eu "quase" perca a razão.
Ainda bem que só estive quase. Saudações.

caxemira disse...

Gostaria de dar só mais uma achega a tão interessante conversa:o sr. que disse que os profs. trabalham "só" 8 a 10 h semanais deve ter-se esquecido de dizer que essas são as lectivas, ou seja, aquelas em que o prof. se encontra na aula com os alunos. Depois temos as horas que passa a tirar as faltas dos alunos,a receber encarregados de educação,a dar aulas de substituição, a dar apoio à biblioteca ou outro serviço que dele precise, a preparar as aulas e materiais, a fazer testes, a corrigi-los...e agora também neste "brilhante" processo da sua avaliação para o qual não foi tido nem achado. Só para ter uma pequena ideia: numa escola de 70 profs. (mto.pequena) já foram gastas desde o principio deste ano lectivo mais de 2000 (duas mil) horas com a avaliação dos profs.Não teria sido mais útil usá-las para os alunos??? Era bom que quando falasse(m) soubese(m) do que REALMENTE falam....