14 março 2009

O Desejo - 3

Urias era general e andava, lá longe, na guerra. Em casa, a esposa, Bathsheba tomava banho quando o rei David espreitava, tendo-se lhe acendido o desejo. E se bem o acendeu, melhor o apagou, tanto que a senhora acabou por engravidar. Ora, nestes tempos imemoriais, já era conhecido o velho prazo de nove meses pelo que o rei David ficou com um problema que ainda tentou disfarçar. Mandou vir o general a casa mas Urias, desconfiado,nem p’rá mulher olhou. Por isso, David mandou o general e amigo para a zona de guerra mais violenta, tendo o homem morrido às mãos dos filisteus. Ora, o deus de israel era lixado e não perdoava estas filhas-de-putice, mesmo vindas de um rei-pastor que tinha matado Golias à pedrada. Assim, após nascer, o filho de David e Bathsheba foi acometido de doença inexplicável e morreu. É claro que o rei adúltero ainda pensou que a morte da criança estivesse relacionada com os 40% de mortalidade infantil da época mas, pelo sim, pelo não, arrependeu-se muito dos seus pecados e, garante a Bíblia, foi perdoado pelo tal deus de israel.
Desta historieta exemplar que muito contribuiu para a má-fama do desejo na cultura judaico-cristã, podem tirar-se conclusões várias :
1 - Que os “espreitas” não são um fenómeno recente...
2 - Que quando um rei deseja nem os generais estão a salvo...
3 - Que, se esta história fosse com um rei português, Urias receberia uns títulos nobiliárquicos acompanhados de umas amplas terras e teríamos hoje mais uma família tradicional portuguesa e monárquica, cheia de pergaminhos, fundada num par de cornos...

11 comentários:

J. Maldonado disse...

Muito bem dito! :))
Isso aconteceu não só em Portugal, mas em muitas monarquias europeias...

roserouge disse...

Saíste-me cá um malaaaaaaaandro...!

astracan disse...

Deduções dessas não são para todos... e pares de cornos são dos pares mais chatos que há, mesmo sendo pontiagudos e, incongruência absoluta, a dor é sentida no extremo não pontiagudo... vá-se lá perceber estas coisas.

Jorge Pinheiro disse...

... e com o brasão na esquina da das paredes e não ao centro. Adoro judeus. Gente de moral biblíca!

Anónimo disse...

Ótima história! E como bem diz o Maldonado, muitas histórias como essa aconteceram mundo afora!

Forte abraço

Ví Leardi disse...

Informações preciosas...sei que muitas as casas reais que passaram pelo mesmo...cornos ...sempre....resultado de desejos impossíveis de refrear..um mal tão velho quanto o mundo.

Ruvasa disse...

Viva, Al!

É isso, acertou. O do "boudoir", com todas as repercussões. O resto? Confusões.

Abraço

Ruben

Christi... disse...

Aqui tem desejo pra tudo quanto é lado, nossa coisa boa.

Bela postagem, cheia de história, de ponta e mola desafiando nossos instintos.

Beijinhos,
Chris

Sueli disse...

Muito bem pensado e com ótimas conclusões! Um abraço!

Unknown disse...

Começou com o filho a bater na mãe e continua hoje tudo à pancada, sem se saber quem é filho de quem..
Enfim, o habitual.

Parabéns pelo post.

Lília Abreu disse...

Ai, que me fartei de rir... estava a precisar.
Aquilo começou tão direitinho e, de repente, guinou... não estava à espera e adorei e subscrevo as conclusões. Amem, como diria um amigo nosso!