poema do desejo
o desejo de sábado à noite
o do funcionário cansado
o da esposa obediente
o da amante libertina
o desejo apressado
o desejo urgente
e o desejo disparatado
de uma grávida coitadinha
que garante que vai morrer
se não satisfizer o desejo
de morangos com sardinha
o desejo sem nome
o desejo da sorte
o desejo da vida
o desejo da morte
e a vida sem desejo
p’ráqui estamos vai-se andando
enquanto deus queira
estimo as melhoras
o desejo à hora certa
o desejo de certas horas
o desejo que liberta
o desejo sem demoras
(e o desejo que por vir de vossa excelência
para mim é uma ordem)
o desejo satisfeito num suspiro
o desejo que era tanto e afinal nem minuto e meio
o desejo precoce
o desejo de agradar
o desejo de fazer carreira
o desejo de ir para a política
o desejo de ajudar
o desejo de fugir
o desejo de casar
o desejo de escrever
e o desejo de acabar
um poema sobre o desejo
13 março 2009
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5 comentários:
Nunca tive dúvidas da tua alma poeta. Tem partes que roçam o construtivismo abstracto de Almada. Muito bom!
Desejo ter menos desejos.
Expresso: cá fica registado a crédito na conta-corrente da amizade...
Peri : Não é preciso todos ao mesmo tempo...
Gostei... não esperava essa faceta de poeta que há em todos nós por aqui.
Continua, que isto promete... Depois, depois é só compor a musica e Zás catraplás, um cd platina, rs
Olá meu caro. Tratar o Desejo dessa forma merecia um prémio. Tendo um pouco de tudo, brincando, mas dizendo algumas verdades, fica o poema que tudo compõe. Foi um prazer conhecer o seu sítio.
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