29 outubro 2009

Uma carta que não cheguei a mandar...

Caro senhor,

Dispenso-me de o tratar por doutor por ser licenciado por uma daquelas universidades cujo grau de licenciatura corresponde ao antigo ciclo preparatório de tão boa memória. Desculpado que estou por esta aparente descortesia, deixe-me confessar-lhe a minha extinta admiração por quem, com limitados horizontes académicos e profissionais, e apenas com amplos conhecimentos na área política, se conseguiu guindar à invejável posição de vice-presidente de duas instituições financeiras que me merecem a maior consideração : A CGD, por ter sido através dela que recebi o meu primeiro salário. E o BCP que, apesar de ter sido fundada pelos irmãos da opus, é a instituição que tem a paciência de aguentar as minhas faltas constantes de saldo e os meus irritantes atrasos na "regularização da situação", como o meu gerente de conta tem a gentileza de se referir à crónica situação de tesura financeira em que me encontro há largos anos.
Ora, "extinta admiração" porque não entendo como um quadro com um salário base de várias centenas de milhares de euros anuais é apanhado a solicitar umas luvazitas de 10.000 euros a um ferro-velho ali da zona de Ovar, Godinho de sua graça. Ora, caro Armando, dez mil não dá para comprar um carrito decente em segunda mão. Ora, assim, caro Vara, não nos entendemos. Ou é para enriquecer à séria ou o melhor é mantermo-nos honestos. Não concorda ?...
Deste seu ex-admirador...

10 comentários:

Francis disse...

assino onde ? este gajo é o meu ódio de estimação...pronto, um dos...

Francis disse...

a propósito do post lá da loja, a ser verdade os dados no perfil, estamos na mesma sintonia em relação à gina, leia-se idade.

Al Kantara disse...

E ao facto de ambos sermos dextros...

mariana disse...

este é apenas um acerto, e o vara ganha à percentagem...

Jorge Pinheiro disse...

Este escândalo só vem provar que continuamos (como povo) muito beras, muito lusitanos, muito couve galega. Mas vai ser uma machadada importante no regime. Isto está a ficar insuportável. Alguém tem de tomar conta disto!

Al Kantara disse...

Concordo com tudo no comentário anterior menos com o "alguém tem de tomar conta disto".
Basta que a democracia funcione e o sistema de justiça não assobie para o lado.
PS - Só o facto deste escândalo rebentar significa que alguma coisa está a funcionar...

Jorge Pinheiro disse...

Eu tb. gostava que fosse assim... mas não é como já se viu.

astracan disse...

A caça não consta só de levantar lebres. É preciso matá-las também.

MFerrer disse...

A carta é de algum modo engraçada e escorreita de escrita. Tem um porém:
Baseia-se em factos não provados, em fugas de informação, em crime de atentado ao Segredo de Justiça.
Quer fazer da Justiça uma coisa privada e sem contraditório. Isto é, quer que regressemos à fantochada e quer atacar a própria democracia que lhe permite ter a liberdade de escrever o que pensa sobre tudo e sobre todos. A sua carta engraçada, está para a justiça democrática como os tribunais plenários, onde os réus não tinham direito à palavra, mas apenas à estalada.É só ver os comentários fascizantes que desencadeou para perceber ao que vem. Há quem esperneie já por um salvador da pátria em perigo. Como se, a ser verdade o crime, esta fosse a justificação para regimes de excepção ou para a limitação das liberdades...
E é tão snob e classista que considera como delinquentes potenciais os que não obtiveram as tais licenciaturas nas prestigiadas escolas donde sairam os Madoffs, os Dias Loureiros, os Isaltinos, Caldeiras, Fernandos Limas...
Um pouco de recato e de humildade democrática, ía mesmo a escrever cristã, mas nestes tempos de caim podia ser considerado um insulto..., não faria nada mal a quem tão acérrimo se mostra defensor dos bons costumes.
MFerrer

Al Kantara disse...

Caro MFerrer,

Considerar-me como um defensor dos bons costumes é coisa que não me chega a comover porque não sei bem o que é isso de bons costumes. Quanto aos comentários, cada qual é responsável pelos que faz. Creia que de snobismo e classismo é difícil que alguém que me conheça possa acusar-me, só por achar estranho que dirigentes políticamente muito influentes tenham concluído as suas licenciaturas já fora d'horas, digamos, numa universidade cujos dirigentes estão (ou estiveram ou deveriam estar) em prisão preventiva e a contas com graves processos criminal.
Quanto à humildade que me recomenda, o meu ateísmo impede-me de aderir à cristã mas creia que a intenção que me imputa de querer regressar aos tribunais plenários é um disparate que nem sequer merece resposta. Agora, se só podemos ter opinião sobre factos provados em tribunal e decisões transitadas em julgado, caro amigo, estamos conversados...