12 fevereiro 2008

Dura Lex. Então p'rós mais fraquitos, é mesmo dura...

Em Janeiro de 2005 a M.B.Pereira da Costa estava falida, com meses de ordenados em atraso e entregue a um administrador judicial que acumulava com um emprego na Securitas e, por isso, tinha mais que fazer do que aturar trabalhadores descontentes. Assim, após uma reunião plenária, os trabalhadores decidiram sair em grupo até à porta da Securitas para verem se conseguiam falar com o tal administrador judicial. Debalde. O senhor não estava. Quem estava era um senhor agente da autoridade que se apressou a identificar João Serpa, trabalhador sindicalista que parecia comandar esta perigosa manifestação ilegal que, aliás, dispersou sem incidentes.
No passado 16 de Janeiro, João Serpa foi notificado para se apresentar no Tribunal de Oeiras. Lá foi, a pensar onde teria deixado o carro mal estacionado, quando percebeu que era para ser julgado pela manifestação ilegal de há 3 anos. Sem preparação nem testemunhas, foi defendido por um oficioso que deve ter pedido justiça com pouca convicção porque o senhor foi condenado no dia 24 a 75 dias de prisão remíveis a multa, numa primeira condenação do género desde 25 de Abril de 1974.
Assim, se lhe deverem meses de salários em atraso, nunca ande em grupo sem pedir licença ao governo civil. É que depois tem de pagar multa...

4 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Não consigo ter uma percepção exacta da envolvente cultural. Está entre o hiper-realismo e surrealismo. Será dadaísmo?

António P. disse...

A "graça" disot tudo é que o decreto lei que o permite é o 406/74 de 29 de Agosto de 2004 ( ou seja antes da Constituição ) e aprovado em Conselho de Ministros com assinatura de :
- Vasco Gonçalves
- Costa Braz
- e Salgado Zenha
Aprovado ainda pelo Conselho de Estado ( onde penso estava o Cunhal ) e mandado publcar pelo Spinola.
Longe ainda do que agora se chama o centrão.
O curioso é não ter havido ainda nenhum deputado ou grupo parlamentar que fizesse qualquer coisa.
Um abraço

Templo do Giraldo disse...

Isto é de brandar aos ceus meus caros. Notificarem um homem por uma manifestação, so mesmo em Portugal. Cada vez mais vivemos num País de censura, qualquer dia nem abrir a boca podemos. Mas pronto temos de viver com aquilo que temos.

Saudações.

astracan disse...

O fascismo espreita. E até já dá um ares da sua "graça". Noutro dia, em Carcavelos, foi-me mostrado um "crachá" da judiciária, à cow-boy, por causa de uma questão relacionada com a paragem sobre uma passadeira de peões. Braço estendido energicamente, "crachá" na mão, à altura dos meus olhos, para eu saber "com quem estava a falar" - disse.
Ridículo, mas de mau prenúncio!